Netzarim & Evionim

Introdução


Netzarim é o termo plural hebraico para a transliteração 'nazarenos'. Netzarim deriva-se do hebraico 'netzar' que é um termo cujo significado, apesar de incerto, pode ser "rebento" ou "renovo", ou seja, a haste que se desenvolve na base de certas plantas e que, separadas, poderão propagar a espécie. De forma abrangente, "nazareno" também era o termo aplicável a qualquer pessoa nascida ou moradora em povoações ou locais geográficos de nome Nazaré. Em sentido mais restrito, "nazareno" costuma ser utilizado para se referir ao mais conhecido habitante da antiga vila de Nazaré, na Galiléia, cerca de cem quilómetros a norte de Jerusalém, de nome Yeshua (Jesus), bem como aos seus seguidores.
Este termo também aparece em Atos 24:5 já sendo aplicado a seguidores seus.

Evionim é transliterado como ebionismo, bem como a seus adeptos, ebionitas. A palavra significa literalmente "pobres" do hebraico evion, E aparece pela primeira vez através dos escritos dos pais da igreja. Conforme a informação encontrada nos escritos dos pais da igreja, este nome designava ao grupo de judeus que originalmente tinha reconhecimento de Yeshua (Jesus) como a figura messiânica do judaísmo, e que não acreditavam na divindade atribuída a ele pelos cristãos. Desta forma, os pais da igreja diziam que estes tinham pensamentos "pobres" a respeito do Messias, e possívelmente surgiu desta palavra hebraica 'evion | pobres', que estes judeus passaram a serem chamados de ebionitas. O ebionismo é o nome do seguimento judaico que pregava que Yeshua ha Netzaret (Jesus de Nazaré) não teria vindo abolir a Torá como prega a doutrina paulina. E desta forma, pregavam que tanto judeus como gentios convertidos deveriam seguir os mandamentos da santa Torá.

Sobre os nazarenos


Os nazarenos eram os primeiros discípulos de Yeshua que posteriormente foram chamados de ebionitas. Segundo o livro dos Atos, as pessoas que pertenciam ao grupo dos nazarenos eram:

• Milhares de judeus (Atos 2:5,41; 4:4);
• Filhos de estrangeiros convertidos ao judaísmo (Atos 6:1);
• Sacerdotes do judaísmo (Atos 6:7);
• Judeus zelosos da Lei de Moisés (Atos 21:20);

Perseguições


O motivo inicial para a perseguição contra os nazarenos ocorreu devido aos saduceus não acreditarem em ressurreição dos mortos, e devido aos discipulos apregoarem que Yeshua tinha sido ressuscitado, eles irritando-se convocaram concílio para matar os discípulos (Mateus 10:17-18; Atos 4:1-22).

De início, a maior parte da população judaica concordava com a doutrina dos 11 apóstolos (Atos 2:41, 21:20).
Conforme o crescimento deste grupo os lideres da corte judaica não estavam aprovando-os, pelo fato dos seguidores de Yeshua atrair muitas pessoas e realizarem milagres. (Atos 5:27-33).

Os saduceus não satisfeitos persuadiam a corte judaica para exercerem julgamento sobre os nazarenos. Quando as pessoas da seita dos libertinos, alexandrinos e cirineus e outros disputavam em conversa contra Estevão e perdiam, eles subornaram algumas pessoas que não criam em Yeshua para espalharem que os nazarenos eram contra as leis de Moisés. (Atos 6:8-15).

O fato foi que subornaram falsas testemunhas contra Estevão para inventar que ele era contra a Lei de Moisés, e que Yeshua era contra Moisés. (Atos 6:13,14). Quando Saulo de Tarso passou a acreditar em Yeshua, os nazarenos já eram perseguidos. A perseguição contra Saulo se iniciou em Atos 9:21-30, e se fortificou em Atos 13:37-52.

Esta perseguição inicial se fundamentava simplesmente por que Saulo estava pregando Yeshua. Na qual os perseguidores o associaram como um dos membros dos discípulos de Yeshua, os nazarenos (Atos 2:38, 3:19, 5:31, 10:43; 24:5). Os judeus que não tinham crido os perseguiram, conforme Atos 13:45.

Os seguidores de Yeshua defendiam o judaísmo, e eram conhecidos no principio como nazarenos, na qual também praticavam voto de nazireado. (Atos 18:18; 21:23-26). Estes criam que Yeshua o Nazareno não ensinava a abolir ou destruir a Torá. Desta forma, pregavam que tanto judeus como gentios convertidos deveriam seguir a todos os mandamentos da Torá, conforme o ensinamento de Yeshua em Mat. 5:17-20.

Eles eram distintos do que conhecemos hoje como cristãos. E mais tarde se tornaram conhecidos como Ebionitas.

Quando começou a corrupção?


A primeira corrupção aparente que os primeiros seguidores de Yeshua tiveram de vencer ocorreu em um encontro mencionado em Atos dos Apóstolos 15:1-2 de relato ao assunto da guarda dos mandamentos da Santa Torá. Este assunto provocou um choque entre os discípulos porque conforme relatado, Paulo de Tarso estava ensinando que a doutrina dos nazarenos dizia que os seguidores de Yeshua não precisavam guardar os mandamentos de Elohim. Não há um relato verídico das decisões do concilio de Jerusalém, pois o livro de Atos dos Apóstolos, sendo escrito por um discípulo de Paulo de Tarso, escreveu apoiando os ensinamentos de seu líder. E isto nós vemos conforme o relato em Atos 15:24, na qual foi dito que os gentios não precisavam obedecer aos mandamentos de Elohim que estão na Torá, nem o mandamento de fazer a circuncisão, o que contradiz com a passagem em Atos 21:20 tendo obrigatoriamente responsabilidade de cumprir também Exodo 12:49 e Numeros 15:16.

As primeiras palavras de Paulo no que diz respeito a ele ensinar contra a Lei de Moisés está relatada em Atos 15:1-2, e 18:13.

Apesar de Saulo ter se defendido diante de Tértulo, no tribunal, dizendo não ser contra a cultura judaica em Atos 24:14, nos escritos de suas cartas em Galatas 5:2, Efésios 2:5, Filipenses 2:5,9, Romanos 3:28, 14:5,14 e 14:20, I Timóteo 4:3-4, entre outras presentes no Novo Testamento é mencionado que seus ensinamentos eram contrários a cultura judaica.

Conforme Atos 15:20-24, é mencionado que Kefá (Pedro) e Ya'akov (Tiago) concordavam com Paulo de Tarso e que os gentios não deveriam guardar os mandamentos de Elohim que se encontram na Torá. Porém de acordo com Galatas 2:11-21 Paulo de Tarso deixa transparecer que Ya'akov e Kefá não concordavam com ele. E isto também é relatado pelo próprio Kefá (Pedro) na sua carta a Ya'akov (Tiago) 1:1; 2:5-11.

Paulo de Tarso sozinho foi o que oficialmente deu inicio ao movimento cristão, o que ocorreu em Antioquia, e é o líder mestre do cristianismo, onde suas doutrinas foram e são a inspiração de todos os cristãos. Por causa de suas doutrinas é que os cristãos possuem aversão ao judaísmo, e a qualquer tipo de lei relacionado aos judeus. O surgimento do termo 'cristão' instigou ainda mais os gentios a se considerarem independentes dos judeus. E Inácio de Antioquia foi um dos mais contribuintes a esta seita para usar o termo ‘cristianismo’ para os cristãos. E os primeiros católicos, chamados ‘pais da igreja’, foram os que fundaram institucionalmente o cristianismo. (Carta de Inácio aos Mag. 3:1-11; Fil. 2:6).

Com isto, os pais da igreja católica, aos quais não eram satisfeitos com as pregações judaicas dos seguidores de Yeshua, alteraram vários textos das cartas dos apóstolos, e evangelho para apoiarem suas doutrinas do paganismo, e distorcer judaísmo, praticado pelos primeiros discípulos.

O destino dos Nazarenos


Após a destruição de Jerusalém, 70 d.C., parte dos nazarenos foram desprezados por cristãos e por judeus, e tornaram-se conhecidos como ebionitas (do hebraico evionim "pobres"), organizando sua própria literatura religiosa e com o passar do tempo foram virtualmente extintos.
O outro grupo de nazarenos, aderiram ensinamentos dos cristãos e passaram a viver em comunicação com os cristãos, sendo testemunhados por Jerônimo.

A Enciclopédia livre relata sobre os Ebionitas, no artigo origens, o seguinte:

“As origens do ebionismo ainda são obscuras. Crê-se no entanto que o ebionismo é o cristianismo original, ou uma das ramificações primitivas do cristianismo. Em oposição à doutrina paulina, o ebionismo deve ter surgido entre os seguidores de Jesus e Tiago, o Justo, que buscavam conciliar a crença messiânica com o cumprimento das leis da Torá. O choque entre os dois grupos: judaizantes e antijudaizantes já é aparente no livro de Atos, onde a discussão entre os dois grupos obriga à convocação da assembléia dos apóstolos (Atos 15 ), e em Atos 21:17-26, onde consta que havia na Terra de Israel dezenas de milhares de judeus que criam em Jesus Cristo e eram zelosos observadores da Lei (Atos 21:20), e que houve uma situação de confronto entre eles e Paulo, considerado por eles como apóstata, pois haviam sido informados de que Paulo pregava a desobediência aos mandamentos da Lei. Embora os judeus cristãos mencionados em Atos 15:1 e Atos 21:20 não fossem ainda chamados ebionitas, pois esta denominação somente começou a ser usada mais tarde, eles eram ebionitas, pois sua crença e prática era igual à dos ebionitas.” – Wikipédia, Ebionismo, origem (2011).

Orígenes em sua obra Contra Celso menciona com respeito aos ebionitas:

“Aqui ele não observou que os judeus convertidos não abandonaram a lei dos seus pais, já que eles vivem de acordo com suas prescrições, recebendo o seu próprio nome da pobreza da lei, de acordo com a acepção literal da palavra; porque ebion significa "pobre" entre os judeus, e esses judeus que receberam Jesus como Cristo são chamados pelo nome de ebionitas.” (Orígenes (185-254 d.C.), Contra Celso 2:1).

Segundo o livro de Atos dos Apóstolos 21:20, relata que eles se localizavam inicialmente em Jerusalém, tendo como seus adeptos, todos judeus zelosos das leis de Moisés.

Ebionitas


Os seguimentos do cristianismo dizem que a Lei de Elohim foi abolida, ou que alguns mandamentos de Elohim foram abolidos. No entanto, os ebionitas dizem que a Lei de Elohim (Torá) não foi abolida, e que devemos obedecer a todos os mandamentos da Lei de Elohim, sem exceção. Os ebionitas são os seguidores de Yeshua há Mashiach que não seguiram a heresia de Paulo de Tarso, e continuaram a obedecer a todos os mandamentos da Lei de Elohim, como Yeshua ordenou em Mateus 5:17-19.

As informações sobre os ebionitas estão escritas nos livros dos pais da igreja.

Os ebionitas diziam que Paulo de Tarso era um apóstata da Lei, e não era um apóstolo de Yeshua há Mashiach.

É necessário obedecer a todos os mandamentos de Elohim, pois é através deles que se consegue a salvação para o Olan HaBá. Quando o ser humano obedece os mandamentos de Elohim, consequentemente ele o alegra e o agrada. E Elohim sendo agradado, sente prazer em estar perto desta criatura. Mas quando o ser humano desobedece os seus mandamentos, consequentemente provoca sua ira, e faz com que a sua própria conduta não se adeque a de Elohim, impedindo assim com que esta criatura possa conviver com Elohim.

São encontradas várias referências nos escritos dos 'pais da igreja' com respeito aos ebionitas em forma de citações ou fragmentos:

“Se alguém diz que existe um só Deus, e também confessa Cristo Jesus, mas pensa que o Senhor é um mero homem, e não o unigênito Deus, e a Sabedoria, e a Palavra de Deus, e considera que Ele consiste meramente de uma alma e corpo, este tal é uma serpente, que prega engano e erro para a destruição dos homens. E tal homem é pobre em entendimento, até mesmo por nome ele é um Ebionita.”  ↑ Inácio, Epístola aos Filadelfenses VI.

“Aqueles que são chamados ebionitas concordam que o mundo foi feito por Deus; mas suas opiniões a respeito do Senhor são semelhantes àquelas de Cerinto e Carpócrates. Eles usam o Evangelho segundo Mateus somente, e repudiam o Apóstolo Paulo, afirmando que ele era um apóstata da lei. Quanto aos escritos proféticos, eles se esforçam para os expor uma maneira um pouco singular: eles praticam a circuncisão, perseveram na observância daqueles costumes que são ordenados pela lei, e são tão Judaicos em seu estilo de vida, que eles até adoram Jerusalém como se ela fosse a casa de Deus.” ↑ Irineu, Contra Heresias I 26:2.

“Porque os ebionitas, que usam o Evangelho de Mateus somente, são refutados por este mesmo, fazendo suposições falsas em relação ao Senhor.”  ↑ Contra Heresias III 11:7.

"Mas não como alguns alegam, entre aqueles que agora presumem expor a Escritura, [assim:] "Veja, uma jovem mulher conceberá, e dará à luz um filho", como Teodócio o Efésio interpretou, e Áquila de Ponto, ambos judeus prosélitos. Os ebionitas, seguindo estes, afirmam que Ele foi gerado por José.”  ↑ Contra Heresias III 21:1.

“Vãos também são o ebionitas, que não recebem por fé em sua alma a união de Deus e homem, mas que permanecem no fermento velho do [natural] nascimento, e que não escolhem entender que o Espírito Santo veio sobre Maria, e o poder do Altíssimo a encobriu: portanto também o que foi gerado é uma coisa santa, e o Filho do Altíssimo Deus, o Pai de todos, que efetuou a encarnação deste ser, e anunciou uma nova [espécie de] geração; para que assim como pela anterior geração nós herdamos morte, assim por esta nova geração nós pudéssemos herdar a vida.”  ↑ Contra Heresias V 1:3.

“Esta opinião será muito adequada para Ebion, que sustenta que Jesus é um mero homem, e nada mais do que um descendente de Davi, e não é também o Filho de Deus.”  ↑ Tertuliano, Sobre a carne do Senhor XIV.

“Os Ebionitas, porém, reconhecem que o mundo foi feito por Aquele Que é em realidade Deus, mas eles propõem lendas a respeito do Cristo semelhantemente a Cerinto e Carpócrates. Eles vivem em conformidade com os costumes dos judeus, alegando que eles são justificados de acordo com a lei, e dizendo que Jesus foi justificado por cumprir a lei. E então foi (de acordo com os Ebionitas) que (o Salvador) foi chamado (o) Cristo de Deus e Jesus, porque nenhum do resto (da humanidade) tinha observado completamente a lei. Pois se mesmo qualquer outro tivesse cumprido os mandamentos (contidos) na lei, ele teria sido aquele Cristo. E os (Ebionitas alegam) que eles mesmos também, quando em semelhante maneira eles cumprirem (a lei), podem se tornar Cristos; pois eles afirmam que nosso Senhor Ele mesmo era um homem em semelhante sentido com todo (o resto da família humana).”  ↑ Hipólito, A refutação de todas as Heresias XXII (7:22).

“Mas os Ebioneanos afirmam que o mundo é feito pelo verdadeiro Deus, e eles falam de Cristo de uma maneira semelhante com Cerinto. Porém, eles vivem sob todos os aspectos de acordo com a lei de Moisés, alegando que eles são assim justificados.”  ↑ A refutação de todas as Heresias XVIII (10:18).

“Se nós ficamos impressionados pelo que foi dito sobre Israel e as tribos e as centenas, quando o Salvador nos diz que Ele não foi enviado a não ser às ovelhas perdidas da casa de Israel, nós não tomamos as palavras no mesmo sentido que os ebionitas com sua pobreza de entendimento (sua pobreza de intelecto lhes dá o seu nome, pois "Ebion" é a palavra hebraica para "pobre"), e supõem que Cristo veio principalmente para Israel segundo a carne;” ↑ Orígenes, Filocália I 24.

“E Ele chamou a Si a multidão e disse-lhes, Ouvi e entendei", etc. Nós somos claramente ensinados nestas palavras pelo Salvador que, quando nós lemos em Levítico e Deuteronômio os preceitos sobre carne limpa e suja, pela transgressão dos quais nós somos acusados pelos judeus materiais e pelos ebionitas, que diferem pouco deles, nós não devemos pensar que o escopo das Escrituras se acha em qualquer entendimento superficial delas.”  ↑ Orígenes, Comentário sobre Mateus 11:12.

“Aqui ele não observou que os judeus convertidos não abandonaram a lei dos seus pais, já que eles vivem de acordo com suas prescrições, recebendo o seu próprio nome da pobreza da lei, de acordo com a acepção literal da palavra; porque ebion significa "pobre" entre os judeus, e esses judeus que receberam Jesus como Cristo são chamados pelo nome de ebionitas.” ↑ Orígenes, Contra Celso II 1.

“Seja admitido, além disso, que existem alguns que aceitam Jesus, e que se orgulham por conta de serem cristãos, e mesmo assim regulam suas vidas, como a multidão judia, de acordo com a lei judaica - e estes são a seita dos ebionitas, que tem duas partes, que ou reconhecem conosco que Jesus nasceu de uma virgem, ou negam isto, e mantém que Ele foi gerado como os outros seres humanos - o que isto aproveita com o objetivo de acusação contra aqueles como pertencendo à Igreja, e a quem Celso chamou aqueles da multidão?”  ↑ Contra Celso V 61.

“Pois existem certas seitas heréticas que não recebem as Epístolas do Apóstolo Paulo, como as duas seitas dos ebionitas, e aqueles que são chamados Encratitas. Aqueles, então, que não consideram o apóstolo como um homem santo e sábio, não adotarão sua linguagem e não dirão: "O mundo está crucificado para mim, e eu para o mundo.”  ↑ Contra Celso V 65.

“Os antigos muito propriamente chamaram estes homens ebionitas, porque eles mantinham opiniões pobres e medíocres a respeito de Cristo. Pois eles o consideravam um simples e comum homem, que foi justificado somente por causa de sua superior virtude, e que era o fruto do intercurso de um homem com Maria. Em sua opinião a observância da lei cerimonial era completamente necessária, pelo motivo de que eles não podiam ser salvos pela fé em Cristo somente e por uma vida correspondente. Havia outros, porém, além deles, que eram do mesmo nome, mas evitavam as estranhas e absurdas crenças dos anteriores, e não negavam que o Senhor nasceu de um virgem e do Espírito Santo. Mas não obstante, tendo em vista que eles também se recusavam a reconhecer que ele pré-existiu, sendo Deus, Palavra, e Sabedoria, eles se desviavam para a impiedade dos anteriores, especialmente quando eles, como eles, esforçavam-se para observar estritamente o culto corporal da lei. Estes homens, além disso, pensavam que era necessário rejeitar todas as epístolas do apóstolo, que eles chamavam um apóstata da lei; e eles usavam somente o assim chamado Evangelho segundo os Hebreus e tinham em pequena conta o resto. O Sábado e o resto da disciplina dos judeus eles observavam exatamente como eles, mas ao mesmo tempo, como nós, eles celebravam os dias do Senhor como um memorial da ressurreição do Salvador. Portanto, em conseqüência de tal curso eles receberam o nome de ebionitas, que significava a pobreza do seu entendimento. Pois este é o nome pelo qual um homem pobre é chamado entre os hebreus.“  ↑ Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica III 27:1-6.

“Sobre estes tradutores, deve ser declarado que Símaco era um ebionita. Mas a heresia dos Ebionitas, como é chamada, afirma que Cristo era o filho de José e Maria, considerando-o um mero homem, e insiste fortemente em guardar a lei de uma maneira judaica, como nós já vimos nesta história. Comentários de Símaco ainda são existentes, nos quais ele parece apoiar esta heresia, atacando o Evangelho de Mateus. Orígenes declara que obteve estes e outros comentários de Símaco sobre as Escrituras de uma certa Juliana, que, ele diz, recebeu os livros por herança do próprio Símaco.”  ↑ História Eclesiástica XVII (6:17).

“O assunto em debate, ou, portanto, eu devia preferivelmente dizer tua opinião a respeito disto, resume-se nisto: que desde a pregação do evangelho de Cristo, os judeus que crêem fazem bem em observar os preceitos da lei, isto é, em oferecer sacrifícios como Paulo fez, em circuncidar seus filhos, como Paulo fez no caso de Timóteo, e guardar o Sábado Judaico, como todos os judeus têm sido acostumados a fazer. Se isto for verdade, nós caímos na heresia de Cerinto e Ebion, que, embora crendo em Cristo, foram anatematizados pelos pais por este único erro, que eles misturavam as cerimônias da lei com o evangelho de Cristo, e professavam sua fé naquilo que era novo, sem deixar ir o que era velho. Por que eu falo dos ebionitas, que têm pretensões ao nome de Cristão?”  ↑ Jerônimo, Carta a Agostinho IV 13.

“Pois enquanto tu te guardas contra as blasfêmias de Porfírio, tu ficas emaranhado nas armadilhas de Ebion, declarando que a lei é obrigatória para aqueles que creram dentre os judeus.”  ↑ Carta a Agostinho IV 16.

“João, o apóstolo que Jesus mais amou, o filho de Zebedeu e o irmão de Tiago, o apóstolo que Herodes, após a paixão do nosso Senhor, decapitou, mais recentemente que todos os evangelistas escreveu um Evangelho, a pedido dos bispos da Ásia, contra Cerinto e outros hereges, e especialmente contra o então crescente dogma dos Ebionitas, que afirmam que Cristo não existiu antes de Maria. Pelos quais ele foi compelido a proclamar a Sua natividade divina.”  ↑ Jerônimo, De Viris Illustribus IX.

O Evangelho


Consta nos escritos dos pais da igreja que os ebionitas usavam somente um evangelho, o qual era escrito em hebraico, e era considerado como sendo o Evangelho segundo Mateus, mas era menor do que o Evangelho segundo Mateus em grego, que é usado pelos católicos, pois os católicos o consideravam como sendo incompleto e truncado, e que este evangelho era também chamado de "Evangelho segundo os Hebreus" (Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, 3:27, e Epifânio de Salamis, Panarion, 30:3:7 e 30:13:1-2).

No entanto, é necessário distinguir entre o Evangelho segundo os Hebreus usado pelos ebionitas e o Evangelho segundo os Hebreus usado pelos nazarenos, pois, embora ambos fossem considerados como sendo o Evangelho segundo Mateus em hebraico, o Evangelho segundo os Hebreus usado pelos nazarenos era uma versão expandida, que continha todos os trechos que são encontrados no Evangelho segundo Mateus em grego usado pelos católicos, e continha mais alguns trechos que não são encontrados no Evangelho segundo Mateus em grego usado pelos católicos, enquanto que o Evangelho segundo os Hebreus usado pelos ebionitas, ao contrário, era menor do que o Evangelho segundo Mateus em grego usado pelos católicos (Epifânio, Panarion, 30:13:2).

O Evangelho segundo os Hebreus usado pelos nazarenos é citado várias vezes por Jerônimo.

O Evangelho segundo Mateus contém a doutrina ebionita, principalmente em Mateus 5:17-19, onde consta que Yeshua o Messias disse que não veio abolir a Lei nem os Profetas, mas sim praticar, e que a Lei nunca será abolida, e que devemos obedecer a todos os mandamentos da Torá, e em Mateus 7:21-23, onde consta que Yeshua o Messias disse que nem todos os que crêem nele entrarão no reino de Deus, mas sim somente aqueles que fazem a vontade de Deus, e que muitos que pregam o evangelho e fazem milagres em nome dele não entrarão no reino de Deus, porque praticam a iniqüidade. Isto explica por que este evangelho era o único que era aceito pelos ebionitas.

Os pais da igreja escreveram que Mateus escreveu o seu evangelho em hebraico, e que cada um o traduzia como podia (Eusébio, História Eclesiástica, 3:24:6 e Papias, citado por Eusébio, em História Eclesiástica, 3:39:16 e Ireneu, em Contra as Heresias, 3:1:1 e Orígenes, citado por Eusébio em História Eclesiástica 6:25:4 e Epifânio, em Panarion, 30:3:7 e Jerônimo, Epístolas, 20:5 e Comentários sobre Mateus 12:13 e Vidas de Homens Ilustres, capítulo 3).

Deste modo, os originais seguidores de Yeshua (Jesus) eram os ebionitas, na qual não ensinavam a transgredir as leis de Elohim conforme ensina a doutrina paulina, mas que ensinavam que tanto judeus quanto gentios deveriam guardar os mandamentos da Torá, sendo zelosos praticantes. Estes nazarenos que foram chamados pelos pais da igreja romana de ebionitas tinham o manuscrito original de Mateus, na qual não contém as doutrinas cristãs presentes no evangelho de Mateus que se encontra no Novo Testamento. (Jerônimo (340-420 d.C.), Carta para Agostinho 4:13; e Epifânio, em Panarion 29:7:2-7; 8:1).

Os Fragmentos do Evangelho dos Ebionitas são encontrados nos escritos dos pais da igreja em suas citações como sendo pertencentes ao Evangelho dos Ebionitas.

Primeiro fragmento

“E aconteceu depois de os dias de Herodes, rei da Judéia, no sumo sacerdócio de Caifás, que um certo homem por nome João veio batizar com o batismo de arrependimento, no rio Jordão, e ele se dizia ser da linhagem de Arão, o sacerdote, filho de Zacarias e Isabel, e todos saíram com ele.” ↑ Epifânio, Haeres. XXX 13 e XXX 14.

Segundo fragmento

“E aconteceu que, quando João batizou, os fariseus se aproximaram dele e foram batizados, e toda Jerusalém também. Ele tinha uma roupa de pelos de camelos, e um cinto de couro em torno de seus lombos. E seu alimento foi mel da floresta, que tinha gosto de maná, formado como bolos de azeite.”  ↑ Haeres. XXX 13.

Terceiro fragmento

“O povo tendo sido batizado, Jesus veio também, e foi batizado por João. E como ele saiu da água os céus se abriram, e ele viu o espírito o santo descendo sob a forma de uma pomba, e entrando nele. E uma voz foi ouvida do céu: "Tu és o meu filho amado, em ti estou bem satisfeito, e ainda: "neste dia te gerei". E de repente uma grande luz brilhou naquele lugar. E João ao vê-lo, disse: "Quem és tu, senhor?" Então uma voz foi ouvida do céu: "Este é o meu filho amado, em quem me comprazo". Por causa disto João caiu a seus pés e disse: "Peço-te, senhor, batiza-me". Mas ele negou, dizendo: Deixe-me sozinho, pois, assim é certo que tudo seja realizado". ↑ Haeres. XXX 13.

Quarto fragmento

[Mateus disse] "Havia certo homem chamado Jesus, e ele tinha cerca de trinta anos de idade, ele nos escolheu. E vindo a Cafarnaum, ele entrou na casa de Simão, por sobrenome Pedro, e abriu a boca e disse: “Passando ao lado do mar de Tiberíades eu escolhi John e James, filhos de Zebedeu, e Simão e André e Filipe e Bartolomeu, Tiago, filho de Alfeu e Thomas, Tadeu, Simão, o Zelote, e Judas Iscariotes. Tu também, Mateus, sentado na coletoria, que eu chamei, e tu me seguiu. Segundo a minha intenção sois doze apóstolos para um testemunho a Israel"”. ↑ Haeres. XXX 13.

Quinto fragmento

[Jesus foi dito] "Eis aí tua mãe e teus irmãos estão lá fora."
[Ele disse]: "Quem é minha mãe e quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os seus discípulos e disse: ". Estes são meus irmãos e minha mãe e irmãs, que fazem a vontade de meu Pai"  ↑ Haeres. XXX 14.

Sexto fragmento

"Nenhum discípulo está acima de seu mestre, nem o servo acima de seu senhor"  ↑ Tertuliano, Contra todas as Heresias III.

Ebionitas-Elchasitas


Na época dos pais da igreja, segundo relata Orígenes e Eusébio de Cesaréia, existiam dois grupos de Ebionitas (Orígenes, Contra Celso V 61,65). Os Ebionitas eram um grupo que praticava o judaísmo e considerava Yeshua como Mashiach desde quando eram Nazarenos e por preconceito dos pais da igreja começaram e serem chamados de Ebionitas. No decorrer da história alguns Ebionitas começaram a aderir ensinamentos dos Elchasitas, discípulos de Elshai (Elchasai), na qual possuíam ensinamentos vegetarianos, assim como os Essênios, e cuja religião era uma mistura selvagem de superstições pagãs e doutrinas cristãs com o judaísmo (Hipólito Philosophumena, IX, 13-17). Com isto se originou no que é chamado de "ebionitas-gnósticos" ou "ebionitas-Elchasitas".

Isto influenciou alguns Ebionitas, e foi relatado por Epifânio de Salamis, em Panarion XXX 17:5: "Mas eu já mostrei acima que Ebion não conhecia estas coisas, porém mais tarde, os seus seguidores que se associaram com Elshai tiveram a circuncisão, o sábado e os costumes de Ebion, mas a imaginação de Elshai".

Este falso profeta é relatado em vários escritos dos pais da igreja (Epifânio relata 'Elxaí e 'Elkessaîoi; Metódio 'Elkesaîos, e Orígenes "Elkesaïtaí) e em seu livro "Livro de Elchasai". Onde foi fundado a primeira seita cujo período de influência se estendeu cerca de 100 a 400 d.C.

Esta influência foi o motivo pelo qual os ebionitas-Elchasitas acrescentaram doutrinas vegetarianas no Evangelho de Matityahu:

[Jesus disse]: "Eu vim para abolir os sacrifícios: Se vós não deixardes de sacrificar, a ira (de Deus) não deixará de pesar sobre vós" (Epifânio, Haeres. XXX 16).

[Os discípulos disseram]: "Onde queres que vamos preparar para Ti para comer a Páscoa?" Ao que ele respondeu: Que eu não tenho vontade de comer a carne do cordeiro pascal com vocês" (Epifânio, Haeres. XXX 22).

Portanto, deve-se tomar cuidado ao discernir os Ebionitas, para não confundir os Ebionitas com os falsos ebionitas que na verdade são discípulos de Elshai.


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