Novo Testamento

Indrodução


O Novo Testamento é o nome dado a um conjunto de livros históricos e legislativos que fazem parte do canon bíblico cristão. Os livros foram escritos em diferentes épocas desde 42d.C. à 80d.C. destinados para as diversas comunidades cristãs. A coletânea dos lívros do Novo Testamento foi organizado pela religião cristã, e o Cânon foi definido pela última vez no último concílio chamado Concílio de Trento em 1563 d.C. O termo usado como “Novo Testamento” teve seu início com Tertuliano e Marcião.

Chamado de "a segunda parte da bíblia" pela maioria dos cristãos, os 27 livros que compõem o Novo Testamento foram escritos em diversos lugares e por autores diferentes. Em praticamente todas as tradições cristãs da atualidade, o Novo Testamento é composto de 27 livros. Os textos originais foram escritos por seus respectivos autores a partir do ano 42 d.C., em grego koiné, a língua franca da parte oriental do Império Romano, onde também foram compostos. A maioria dos livros que compõe o Novo Testamento parece ter sido escrito por volta da segunda metade do século I.

O conteúdo central dos livros que compõem o Novo Testamento é relatar acontecimentos e ensinamentos que poderiam ter sido ocorridos no período que se compreende como 1º século da era cristã, na qual estivesse relacionado ao judeu Yeshua haNetzaret (Jesus Cristo). Nenhum destes documentos tem autoria atribuída a Yeshua (Jesus). Conforme a doutrina cristã, esta coletânea é considerada como sagrada.

Os livros que compõe essa segunda parte da Bíblia dos cristãos foram escritos a medida que o cristianismo era difundido naquela região, refletindo e servindo como fonte para a teologia cristã. Essa coleção de 27 livros influenciou não apenas a religião, a política e a filosofia do império Romano, mas também deixou sua marca permanente na literatura, na arte e na música. A divisão do Novo Testamento em seções e versículos é atribuída a Amônio de Alexandria do século III, e à Eutálio de Alexandria no século V d.C., que continuou o trabalho de Amônio.

Etimologia do termo Novo Testamento


O termo 'Novo Testamento' para descrever a coleção dos livros que formavam a segunda parte da bíblia dos cristãos deriva-se do latim 'Novum Testamentum', que foi pela primeira vez cunhado por Tertuliano. O termo tem origem na expressão grega Διαθήκη Καινή. Esta frase grega encontra-se no próprio texto de um dos livros do Novo Testamento onde é traduzido como "nova aliança" (II Coríntios 3:6; 14:6). Cerca de dois séculos mais tarde, na época de Tertuliano e Lactâncio, a frase era usada para designar a coleção particular de livros que alguns acreditavam que incorporava esta "nova aliança". Foi inicialmente através de Tertuliano que o primeiro uso conhecido dos termos Novum Testamentum (Novo Testamento) e Vetus Testamentum (Antigo Testamento) apareceu na história. Onde ele menciona em seus escritos em Against Marcion, livro 3 e capítulo 14 (escrito no III século, em 208DC) ele escreveu: "Isso pode ser entendido como o Verbo Divino, que é duplamente ligado com os dois testamentos da Lei e do Evangelho".

Sobre os livros do Novo Testamento


A lista dos livros que compõem a coletânea 'Novo Testamento' varia de acordo com as denominações cristãs.

O Novo Testamento da Igreja Ortodoxa Síria é composto pelos textos aramaicos que contém os seguintes livros: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos dos Apóstolos, Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito, Filemom, Hebreus, Tiago, I Pedro, I João.

O Novo Testamento usado pela Igraja Católica Romana e pelo Protestantismo é composto pelos textos gregos que contém os seguintes livros: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos dos Apóstolos, Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito, Filemom, Hebreus, Tiago, I Pedro, II Pedro, I, II, e III João, Judas, Apocalipse.

O Novo Testamento usado pela Igreja Ortodoxa Grega e Etíope contém os seguintes livros: Mateus, Marcos, Lucas, João, Atos dos Apóstolos, Romanos, I Coríntios, II Coríntios, Gálatas, Efésios, Filipenses, Colossenses, I Tessalonicenses, II Tessalonicenses, I Timóteo, II Timóteo, Tito, Filemom, Hebreus, Tiago, I Pedro, I João, II Pedro, II e III João, Judas, Apocalipse.

Também podem ser encontradas cópias dos livros que compõem o Novo Testamento em Latim e Copta. Desta forma, de um jeito ou de outro, fazem parte do 'Novo Testamento' as 13 cartas de Paulo de Tarso (49 e 68 d.C.), os evangelhos (em grego e aramaico) de Mateus, Marcos, Lucas e João (42 e 50 d.C.), os Atos dos Apóstolos (50 e 68 d.C.), além de algumas epístolas católicas menores escritas por vários autores e que tem com conteúdo instruções, resoluções de conflito e outras orientações para o cristianismo. E por último, o Apocalipse atribuído a João.

Idioma


Os idiomas utilizados entre judeus e gentios para se comunicarem naquelas regiões na época de Yeshua eram o: hebraico, aramaico e grego koiné (Antiguidades 20: 11:2). Desta forma, todos os livros que formavam o Novo Testamento foram os escritos em grego koiné, o dialeto vernáculo que na época era falado nas províncias romanas do Mediterrâneo Oriental, e os livros aramaicos. Entretanto, o livro de Mateus, na qual cópias em grego e em aramaico podem ser encontradas no Novo Testamento foi escrito originalmente em hebraico.

Todos os cristãos, tanto romanos quando siríacos consideram os seus Novos Testamentos como um livro inspirado, ressalva suas pequenas diferenças entre as versões da cada um. Os antigos evangelhos siríacos foram produzidos provavelmente no século III. O antigo idioma Siríaco é usado no Antigo Testamentoda Peshitta para referências (e é assim a testemunha a mais antiga de sua existência) nos evangelhos, nos textos onde as citações são completamente diferentes em grego.

Manuscritos


Existem cerca de 5.700 manuscritos gregos do Novo Testamento. Além disso, existem mais de nove mil manuscritos em outras línguas (siríaco,copta, latim, árabe). Alguns desses manuscritos são Bíblia completas, outros são livros ou páginas, e somente alguns são apenas fragmentos. O Novo Testamento foi escrito em letras de imprensa, conhecidas pelo nome de Unciais (ou maiúsculas). A partir do século VI esse estilo caiu em desuso, sendo gradualmente substituído pelos manuscritos chamados minúsculos. Esses predominaram no período que vai do século IX ao XV.

O Rylands Library Papyrus ou Papiro P52 é geralmente aceito como o mais antigo registro sobrevivente de um livro que viria a ser o Novo Testamento. É datado em algum momento entre 117 d.C. e 138 d.C.. A parte frontal desse papiro contém os linhas do Evangelho de João 18:31-33. No verso, estão registrados os versos 37 e 38. Os manuscritos do Novo Testamento são divididos em três categorias: papiros, unciais e minúsculos. O que os diferencia são suas características diferenciadas.

Formação da coletânea 'Novo Testamento'


O processo de canonização do Novo Testamento foi complexo e demorado. Caracterizou-se por uma coletânea de livros que a tradição cristã considerou autoritária no culto e no ensino, e em consonância com o Antigo Testamento, além de serem relevantes para as situações históricas em que viviam. Contrário à crença popular, o cânon do Novo Testamento não foi sumariamente decidido em reuniões do Conselho da igreja, mas sim desenvolvido ao longo de muitos séculos.

Estes escritos circulavam entre as primeiras comunidades cristãs. As epístolas de Paulo estavam circulando já reunidas no final doprimeiro século d.C.. Justino Mártir, no segundo século, menciona as memórias dos apóstolos, que os cristãos chamam de evangelhos e que eram considerados em pé de igualdade com o Antigo Testamento. Um cânone contendo os quatro evangelhos (os Tetramorph) já estava circulando na igreja no tempo de Ireneu em 160 d.C.. No início do século III, Orígenes de Alexandria talvez já tenha usado os mesmos 27 livros que compõe o Novo Testamento moderno, mas ainda havia disputas sobre a canonicidade do livro de Hebreus, de Tiago, de II Pedro, de II e III João e do Apocalipse. Em contraste, os escritos que foram aceitos universalmente pelo cristianismo desde meados do século II e que compõe hoje a maior parte do Novo Testamento são denominadas homologoumena. O fragmento de Muratori mostra que em 200 d.C. já existia um conjunto de escritos cristãos semelhante ao Novo Testamento atual.

Atanásio, bispo de Alexandria, em sua carta de Páscoa de 367 d.C. escreveu a primeira lista com os 27 livros que viriam a formar o Novo Testamento canônico. O Sínodo de Hipona em 393 d.C. aprovou o Novo Testamento tal como conhecemos hoje, juntamente com os livros da Septuaginta, uma decisão que foi repetida pelo Conselho de Cartago em 397 d.C. e em 419 d.C.. Esses conselhos foram liderados por Santo Agostinho, que considerava o cânone como algo já fechado. Da mesma forma, o Papa Dâmaso I comissionou Jerônimo de Strídon a fim de organizar a edição Latina da Vulgataem 383 d.C., o que foi fundamental para a fixação do cânon do Ocidente. Em 405 d.C., o Papa Inocêncio I mandou uma lista dos livros sagrados para Exuperius, um bispo gaulês.

Por volta do século IV, já havia uma unanimidade no Ocidente sobre o cânon do Novo Testamento; O Oriente, com poucas exceções, havia entrado em concordância sobre a questão do canôn por volta do século V. A única resistência estava relacionada ao livro do Apocalipse. Não obstante, um articulação dogmática completa do cânon não foi feita até 1546 no Concílio de Trento para o Catolicismo Romano; e em 1563 nos Trinta e Nove Artigos da Igreja da Inglaterra; Em 1647 na Confissão de Fé de Westminster para o calvinismo; E finalmente em 1672 no Sínodo de Jerusalém para ortodoxia grega.

Os Ebionitas


Consta nos escritos dos pais da igreja que os ebionitas usavam somente um evangelho, o qual era escrito em hebraico, e era considerado como sendo o Evangelho segundo Mateus, mas era menor do que o Evangelho segundo Mateus em grego, que é usado pelos católicos, pois os católicos o consideravam como sendo incompleto e truncado, e que este evangelho era também chamado de "Evangelho segundo os Hebreus" (Eusébio de Cesaréia, História Eclesiástica, 3:27, e Epifânio de Salamina, Panarion, 30:3:7 e 30:13:1-2).
No entanto, é necessário distinguir entre o Evangelho segundo os Hebreus usado pelos ebionitas e o Evangelho segundo os Hebreus usado pelos nazarenos, pois, embora ambos fossem considerados como sendo o Evangelho segundo Mateus em hebraico, o Evangelho segundo os Hebreus usado pelos nazarenos era uma versão expandida, que continha todos os trechos que são encontrados no Evangelho segundo Mateus em grego usado pelos católicos, e continha mais alguns trechos que não são encontrados no Evangelho segundo Mateus em grego usado peloscatólicos, enquanto que o Evangelho segundo os Hebreus usado pelos ebionitas, ao contrário, era menor do que o Evangelho segundo Mateus em grego usado pelos católicos (Epifânio, Panarion, 30:13:2).

O Evangelho segundo os Hebreus usado pelos nazarenos é citado várias vezes por Jerônimo.

O Evangelho segundo Matityahu contém a doutrina ebionita, principalmente em Mateus 5:17-19, onde consta que Yeshua ha Netzaret disse que não veio abolir a Lei nem os Profetas, mas sim cumprir, e que a Lei nunca será abolida, e que devemos obedecer a todos os mandamentos da Lei, e em Mateus 7:21-23, onde consta que Yeshua ha Netzaret disse que nem todos os que crêem nele entrarão no Reino de Elohim, mas sim somente aqueles que fazem a vontade de Elohim, e que muitos que pregam o evangelho e fazem milagres em nome dele não entrarão no Reino de Elohim, porque praticam a iniqüidade.

Isto explica por que este evangelho era o único que era aceito pelos ebionitas.

Os pais da igreja escreveram que Mateus escreveu o seu evangelho em hebraico, e que cada um o traduzia como podia (Eusébio, História Eclesiástica, 3:24:6 e Papias, citado por Eusébio, em História Eclesiástica, 3:39:16 e Ireneu, em Contra as Heresias, 3:1:1 e Orígenes, citado por Eusébio em História Eclesiástica 6:25:4 e Epifânio, em Panarion, 30:3:7 e Jerônimo, Epístolas, 20:5 e Comentários sobre Mateus 12:13 e Vidas de Homens Ilustres, capítulo 3).

Desta forma, os criadores do 'Novo Testamento', na verdade, tiveram sua inspiração no paulinismo.

Conforme a crescente seita cristã, iniciada por Paulo de Tarso, os seus seguidores começaram a se chamar de cristãos, e provavelmente isto os fortaleceu a se separarem dos ebionitas, até então chamados de nazarenos. E por que digo que os primeiros nazarenos eram ebiontas? Porque embora ainda não fossem chamados de ebionitas a crença destes nazarenos é idéntica a dos ebionitas.

Quando Paulo de Tarso relatou em Atos dos Apóstolos 11:26; 15:1-2; Romanos 3:20; Galatas 2:11-16; 3:10-14, 24-25; 5:2-4; Efésios 2:15; Filipenses 2:6; 3:5-8; Colossenses 1:15-16; 2:9,16-17,21, que as leis judaicas não faziam parte do movimento cristão, a divisão destes dois grupos, cristãos e nazarenos, tornou-se ainda mais radical. Os católicos foram definitivamente instituídos mais tarde com Inácio de Antioquia (Inácio aos Magnésios 3:8-11) e depois declarados oficialmente com o imperador romano Constantino nos seus Concílios. Estes formaram o canon 'Novo Testamento', onde foi discutido pelos séculos até 1672 d.C..

Critério de um livro santo


Para o judaísmo, o critério geral para a classificação de um documento para fazer parte de uma coletânea sagrada ou santa sempre foi o ensinamento e a autoria. Pois tais documentos não deveriam contrapor as leis da Torá. De acordo com o concílio de Jamnia, este critério também exigiu que: ‘deveriam existir originalmente em língua hebraica e que remontassem ao tempo do profeta Esdras’.

Desta forma, também podemos ver como era impossível os livros pertencentes a coletânea 'Novo Testamento' serem utilizados pelos primeiros nazarenos, e ter sido aceito somente pelas comunidades cristãs. Posteriormente nos séculos II e III umas das ramificações nazarenas passaram a utilizar o 'Novo Testamento' como parte de sua literatura. Nesta época a distinção entre os ebionitas e estes nazarenos já são aparentes nos escritos dos pais da igreja.

As alterações


O cristianismo, ao longo dos séculos, fez modificações ou alterações nos escritos que compõem a coletânea 'Novo Testamento' diversas vezes. Podemos observar algumas destas alterações que são as seguintes:

1) adulteração:

Uma das adulterações é vista no livro de Matityahu, o Evangelho segundo Mateus, no capitulo 1º, onde fala do nascimento de Yeshua, alterando o texto original: “Yosef gerou Yeshua” para a seguinte frase: “...José, esposo da virgem Maria, da qual nasceu Jesus”, no intuito de terem base para doutrina do nascimento virginal. Levando em conta que o texto original esta em posse ebionita, consta no registro de Irineu de Lyon que: "os ebionitas afirmam que Ele foi gerado por Joseph". – (Irineu em Contra Heresias, cap.21:1). 

E pelo fato de Matityahu escrever seu evangelho em hebraico para os ebionitas (até então nazarenos) percebe-se que no Evangelho segundo Mateus que era usado pelos ebionitas não existia a estória do nascimento virginal que é apresentada pelos livros cristãos. Outra prova é que no rodapé da bíblia de Jerusalém menciona que em escritos gregos mais antigos constava a palavra: “gerou”, neste verso. Como também nos manuscritos a, g1, k e q da versão latina antiga dizem o seguinte: “E Jacó gerou a José, ao qual estava compromissada a virgem Maria, gerou Jesus, o chamado Cristo”. E nos manuscritos das versões gregas ‘Theta’ e ‘Fi’, também dizem que José gerou Jesus.

A que tudo indica, o motivo para isto foi que com o passar dos tempos os católicos tiraram a palavra gerou, porque a palavra gerou é aplicado a um homem, a fim de implantarem a doutrina do nascimento virginal, ficando mais fácil futuramente declarar Jesus como uma divindade.

2) adulteração:

No livro de Mateus 3:17, onde costa a frase: “Este é meu filho amado, em ti tenho aprazo”, foi alterada e os próprios pais da igreja confessam que não era bem assim.

Nas citações de Epiphanius consta que a frase era: ‘Eu hoje te gerei’. E também em Lucas 3:22 do Manuscrito ‘D’ da versão Grega, e na versão Latina Antiga, e nas citações de Justino, Clemente de Alexandria e Orígenes, conta ‘Tu és meu filho, eu hoje te gerei’, ao invés de ‘Tu és o meu filho amado, em ti tenho prazer’.

3) adulteração:

A tradução do livro de Mateus encontrada hoje nas bíblias cristãs em Mateus 5:17-19 dá a intender ao leitor que a Lei e os Profetas seriam abolidos em um tempo definido. Pois essa tradução cita: “sem que tudo seja cumprido”. Porém, conforme o texto original do manuscrito hebraico de Mateus consta a seguinte frase: “pois tudo será praticado”. E este mesmo verso é confirmado pela carta de Pedro (Kefá) a Tiago (Ya’akov).

4) adulteração:

Outra adulteração é referente a posição de Yeshua perante alguns mandamentos da Torá, em Mateus 5:21 ao 44 das bíblias cristãs é acrescentado em todas as citações a palavra “porém”, para passar adversidade, não constando nos textos hebraico e aramaico.

Também é colocado uma proibição a fazer juramento, a proibição punitiva da lei do talião, a heresia de se divorciar em caso de adultério. O que contradizem a Lei Judaica e não são relatadas no texto hebraico.

5) adulteração:

Outra prova de que os pais da igreja católica adulteraram o texto de Mateus está nas declarações de Eusébio em seus escritos, ante do Concílio de Nicéia, quando cita a frase: “...fazei discípulos em todas as nações em meu nome.” – (Novum Testamentum Graece", Nestle e Aland, 25º edição). Ora, o verso original do texto hebraico de Mateus (Shem Tov) consta assim: “Vocês vão e guardem eles a estabelecer todas as palavras que eu ordenei a vocês para sempre.”. Com isto vemos também que quando chegou o Concílio de Nicéia, Eusébio em seus escritos pára de citar a expressão: “...discípulos em meu nome.”, e passa a usar a frase: “... batizando-os em nome do pai do filho e do espírito.” presente no Novo Testamento atual.

6) adulteração:

As adulterações dos evangelhos não pararam por aí. O evangelho de Lucas também sofreu adulteração, e é comprovado pela passagem de Lucas 3:22 no Manuscrito ‘D’ da versão Grega e Latina Antiga como também nas citações de Justino, Clemente de Alexandria e Orígenes, contando: ‘Tu és meu filho, eu hoje te gerei’, ao invés de ‘Tu és o meu filho amado, em ti tenho prazer’.

7) adulteração:

O evangelho de Marcos sofreu um acréscimo de versículos no último capitulo. O livro originalmente termina no verso 8 do capitulo 16. Porém foram acrescentados 12 versículos no último capítulo. E pra variar, o adultério ainda trás versos hereges. Pois no verso “9” consta que Yeshua ressuscitou no domingo. Sendo que o próprio livro relata versos antes que ele já tinha sido ressuscitado antes do domingo. Também relata neste acréscimo em Marcos que Yeshua teve sua ascensão na Galiléia, em quanto Lucas relata que a ascensão foi em Betânia.

8) adulteração:

Romanos 10:6, foi acrescentado a palavra “mas”. Onde é inexistente na versão aramaica, e nem no texto recebido.

9) adulteração:
Foi acrescentada a palavra ‘Theos’ (em grego) na passagem da 1ª carta de Paulo a Timóteo 3:16 . Na versão do Sinaitico preserva: “Ele que se manifestou em carne...”. Estas são apenas as mais comuns alterações presentes no Novo Testamento, sendo este portador de ainda outras maiores.

Contradições entre autores


O Novo Testamento por ser escrito por diversos autores de diversas crenças diferentes, acaba que possuindo contradições entre os livros que o compõem. Para entendermos as contradições devemos antes conhecer quem eram os escritores, como eles conseguiram as informações escritas nos documentos.

Mateus
Era um judeu de nascimento cobrador de impostos, que passou a seguir a Yeshua enquanto ele estava em seu ministério. Mateus foi chamado para ser apostolo pelo próprio Yeshua, e foi testemunha ocular dos acontecimentos ocorridos.

Marcos
Não era judeu, nem apostolo, e nem foi testemunha ocular dos acontecimentos. Mas ficou instruído devido a ouvir outras pessoas contarem. Há estudos que dizem que Marcos escreveu baseado em Mateus.

Lucas
Também não era apostolo e nem judeu. Também não presenciou os fatos ocorridos, e escreveu daquilo que ouviu quando viajava com Paulo de Tarso. Lucas escreveu o Evangelho de Lucas e o livro Atos dos Apóstolos na qual inicialmente parece ser um só obra.

João
Não era judeu, não era apóstolo e não presenciou os acontecimentos daquela época, Conforme Jerônimo, João era um presbítero cristão que viveu na Ásia e escreveu seus livros por volta do ano 80d.C por inimizade aos ebionitas. Os livros que relatam ser de João não são escritos pelo apostolo Yochanan que era discípulo de Yeshua. Isto Jerôimo relata em sua obra de Viris Illustribus, 9.

Paulo
A figura de Paulo ou Saulo (Sha'ul) e relatada na maior parte pelo livro dos Atos dos Apóstolos escrito por Lucas seu discípulo e em menor parte por suas cartas. Saulo era judeu e inicialmente era inimigo dos nazarenos. Saulo em certo momento muda de idéia e passa a compartilhar de alguns ensinamentos dos nazarenos, como a crença em Yeshua como Messias, porém, logo em seguida, se separa deles e forma sua própria comunidade, tendo como sede Antioquia da Síria.

Abaixo farei exposição das contradições do Novo Testamento:

1) contradição:

Segundo Mateus, o sermão do monte ocorreu quando Yeshua subiu a um monte e nele proclamou as bem-aventuranças diante da multidão e seus discípulos. (Mt 5:1,2). Porém Lucas discorda, e escreve que o sermão do monte ocorreu num lugar plano, após Yeshua ter descido do monte. (Lc 6:16-17).

2) contradição:

Com respeito ao batismo de Yeshua, os três evangelistas relatam que Yeshua após sair da água, foi para o deserto da Judéia e ficou lá 40 dias, e só voltou após este período. (Mt 3:16,4:1 – Mc 1:10-13 – Lc 4:1). Porém João discorda, e relata que Yeshua após sair da água, ficou andando naquela mesma região, diante de João Batista, sendo visto por João batista por 2 dias, e após 2 dias, foi para casa. (Jo 1:29-39).

3) contradição:

Os dois evangelistas: Mateus e Marcos relatam que Yeshua foi pregado no madeiro na ‘terceira hora’. (Mt 20:3 – Mc 15:25). Porém João discorda, e registra que Yeshua foi pregado após a sexta hora. (Jo 19:14-15).

4) contradição:

Também relata o evangelho de Mateus, que, quando Yeshua saiu de Jericó, ele curou dois cegos. (Mt 20:29-30). Mas Marcos não sabia disso e relata a história como se houvesse somente um cego. (Mc 10:46-47).

5ª contradição:

Na famosa passagem “Osana nas alturas”, consta no evangelho de Mateus que antes de Yeshua entrar assentado no jumentinho, ele ordenou aos seus discípulos que fossem pegar um jumentinho e uma jumenta. (Mt 21:2-7). Marcos e Lucas relatam que Yeshua ordenou que pegassem somente o jumentinho. (Mc 11:2-7 – Lc 19:30-35).

6) contradição:

Quem fez o pedido a Yeshua a fim de que Tiago e João se assentassem um a sua direita e outro a sua esquerda no seu reino? Mateus relata que foi a mãe deles. (Mt 20:20-21). Porém Marcos relata que os dois discípulos fizeram o pedido pessoalmente. (Mc 10:35-37).

7) contradição:

Segundo o evangelho de João, Yeshua é onisciente, antes e depois de sua ressurreição. (16:30; 21:17). Porém Mateus e Lucas afirmam que Yeshua crescia em sabedoria, e afirma que ele não é onisciente nem mesmo depois da sua ressurreição. (Lc 2:52 – Mt 24:36 – At 1:7).

8) contradição:

João afirma que Yeshua sempre existiu, e que veio a terra por meio de encarnação. (Jo 1:1,2,27; 3:13, 6:62, 8:58). Também na Carta aos hebreus 1:2 relata a mesma doutrina. Mas Mateus relata que houve nascimento, e que Yeshua é homem. (Mt 1:16; 17:22).

9) contradição:
Yeshua não pode ser confirmado em sua genealogia. Pois segundo Mateus, Yeshua é descendente de Salomão, por meio de José. E é relatado nos escritos do padre Éfrem da Síria (Caverna dos Tesouros), que os pais de Miriam também eram descendentes de Salomão. (Mt 1:1-16). Porém Lucas discorda e diz que José é descendente de Natã, o irmão de Salomão. (Lc 3:23-38). Lucas também menciona que o pai de José é Heli, enquanto Matityahu apresenta o pai de José, a Jacó. Alguns dizem que este aplicou a lei do levirato, ou que Heli seria o Eliaquim pai de Maria. Porém isto é mentira e é improvável, pois na lei do levirato o filho leva o nome do pai, o que não ocorre nas genealogias, e se Heli fosse o Joaquim marido de Ana, novamente Lucas estaria se contradizendo, pois Joaquim é descendente de Salomão.

10) contradição:

O galo cantou 1 ou 2 vezes? Segundo Mateus, Lucas e João: Pedro negaria Yeshua 3 vezes antes que o galo cantasse a primeira vez (1 vez). (Mt 26:34 – Lc 22:61 – 18:17,25,27). Porém Marcos nega este relato, escrevendo que Pedro negaria Yeshua antes que o galo cante duas vezes. E ainda relata o ocorrido acontecendo com o galo cantando 2 vezes. (Mc 14:30).

11) contradição:

As últimas palavras de Yeshua foram: “Em tuas mãos entrego o meu espírito”. (Lc 23:46). Ou: “Está consumado”? (Jo 19:30).

12) contradição:

Segundo o livro de Atos dos Apóstolos 18:21; 24:14, e em Romanos 2:13; 3:31, diz que Paulo de Tarso pratica a lei de Moisés, se importa e se preocupa em cumprir as exigências da lei de Moisés, diz que a lei não será anulada e que ela justifica. (Atos 18:21 e 24:14). Porém, segundo os seus próprios escritos nas mesmas cartas em (Atos dos Apóstolos 15:1-2; Romanos 3:20; Galatas 2:11-16; 3:10-14, 24-25; 5:2-4; Efésios 2:15; Filipenses 2:6; 3:5-8; Colossenses 1:15-16; 2:9,16-17,21) o próprio Paulo de Tarso relata que possui aversão as leis judaicas e a cultura judaica, assim como ao monoteísmo.

13) contradição:

Também no Novo Testamento em (Atos 15:7-22) é mencionado que o apóstolo Kefá (Pedro) e o apóstolo Ya’akov (Tiago) eram contra as leis judaicas e eram parceiros de Paulo de Tarso. Porém, na própria carta de Paulo de Tarso em Gálatas 2:11-14 e na carta de Pedro a Tiago 2:5-11 é relatado que nenhum dos dois (Pedro e Tiago) eram contra as leis judaicas, e nenhum dos dois eram parceiros de Paulo de Tarso, inclusive o próprio Pedro diz em sua carta que os gentios alteraram suas pregações e passaram a seguir o homem herege Paulo de Tarso. Aqui também não entrarei em detalhes concernentes aos outros livros do Novo Testamento que também contradizem a lei de Elohim.

Outros manuscritos


Os documentos pertencentes ao Novo Testamento não foram os únicos escritos daquela época. O cristianismo ainda tem preservado outros documentos de data aproximada na qual baseiam liturgia, tradição e costumes.

Escritos Pseudo-Clementinos


Baur, o fundador da "Escola de Tübingen" relata suas idéias sobre os escritos Clementinos, que, encontrou os escritos utilizados por uma seita ebionita no século IV. Esta seita judaico-cristã em que data rejeitava São Paulo dizendo ser um apóstata. Supunha-se que esta opinião do século IV representava o cristianismo dos Onze Apóstolos. O Paulinismo foi originalmente uma heresia e um cisma em relação aos apóstolos Tiago, Pedro e os restantes. Marcion era um líder da seita Paulinista, na sua sobrevivência no segundo século, usando apenas o Evangelho de Paulo, São Lucas (na sua forma original), e as Epístolas de São Paulo (sem as Epístolas Pastorais).

São nos escritos pseudo-clementinos que se encontram a carta de Pedro a Tiago, e Recepção da carta por Tiago e a carta de Clemente a Tiago. De acordo com o conteúdo da carta, ela é autentica, pois nela consta que Pedro não era parceiro de Paulo, e nem ensinava contra as leis do judaísmo. Os escritos Clementinos teve a sua origem em primeiro lugar na era apostólica, e pertencia a original judaica Igreja legal de Pedro. Ele é direcionado totalmente contra São Paulo e sua seita. Simão, o Mago nunca existiu, é um apelido para São Paulo (Saulo).

Diz a enciclopédia Católica, com respeito a Baur sobre escritos Pseudo-Clementinos o seguinte:

"Catolicismo sob a presidência de Roma foi o resultado do ajuste entre os seguidores petrinos e paulinos da Igreja na metade do século II. O Quarto Evangelho é um monumento desta reconciliação, em que Roma assumiu um papel de liderança, tendo inventado a ficção de que tanto Pedro e Paulo foram os fundadores da sua Igreja, ambos tendo sido martirizados em Roma, e no mesmo dia, em perfeita união".

Portanto vemos que o cristianismo inventou o Novo Testamento, e inventou a estória de que Pedro (Kefá) fundou sua igreja em roma, e acrescentou a passagem no livro de Matityahu 16:16-18 para ter base, e ainda inventou a heresia de que Pedro (Kefá) era companheiro de Paulo de Tarso.


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